Países desenvolvidos valorizam as ciências exatas
Transformação digital tem impulsionado a demanda e contribuído para uma maior remuneração dos profissionais da área.
Ter o domínio de conteúdos como limites e derivadas não é para qualquer um e, por isso, trata-se de um diferencial no mercado de trabalho. Os profissionais da área de Exatas têm sido cada vez mais demandados e valorizados no exterior, realidade que, segundo especialistas, também pode se repetir no Brasil.
Em países desenvolvidos, já há políticas de subsídios educacionais e imigratórias para profissionais das áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática. De acordo com os dados do United States Census Bureau (USCB), antes da pandemia da Covid-19, o mercado de trabalho norte-americano somava dez milhões de empregos formais nas áreas citadas. Mas o número pode ser até três vezes maior, quando consideradas as atividades correlatas desempenhadas por profissionais que não são graduados.
A expectativa é que o mercado de trabalho norte-americano abra cada vez mais espaço para os profissionais de Exatas. A projeção da Bureau of Labor Statistics (BLS) é de que a abertura de vagas de emprego nessas áreas seja 40% maior do que as oportunidades ligadas a outros segmentos. Saber como calcular integrais nunca foi tão útil.
A professora da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Cecilia Machado, abordou o tema em sua coluna publicada no jornal Folha de São Paulo, em janeiro. Na avaliação da especialista, o processo de transformação digital vivido pela sociedade tem impulsionado carreiras em computação, segurança da informação e desenvolvimento de softwares.
Segundo ela, para além da criação de produtos e pesquisas, há a expectativa de que a adaptação à nova realidade por parte dos demais setores aumente a demanda por profissionais. E esta realidade não é exclusiva dos Estados Unidos.
Cenário brasileiro
Cecilia Machado e os pesquisadores Laísa Rachter, Fábio Schanaider e Mariana Stussi desenvolveram a pesquisa “STEM Classification in the Formal Labor Market in Brazil”, na qual retratam a situação do cenário brasileiro para as áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
Segundo o estudo, antes da pandemia da Covid-19, o mercado de trabalho brasileiro somava 1,5 milhão de empregos nas áreas citadas e a remuneração dos profissionais era 2,5 vezes maior em comparação com outras atividades.
Na avaliação de Cecília, a demanda no Brasil pela mão de obra qualificada nessas áreas existe e seguir o exemplo dos países desenvolvidos de fomentar o crescimento das atividades pode contribuir para a maior diversificação e resiliência da economia.
Escassez de profissionais
Levantamento realizado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) aponta que, até 2025, o Brasil deve criar cerca de um milhão de empregos formais no setor. No entanto, mais de 50% das vagas poderão não ser preenchidas devido à escassez de profissionais qualificados.
Ainda de acordo com a Brasscom, as instituições de ensino superior do país têm aberto mais oportunidades na área de Tecnologia da Informação (TI), mas o número de interessados ainda é considerado baixo. Por isso, além da criação de cursos superiores direcionados para a tecnologia, a associação defende a capacitação de estudantes de áreas correlatas, como as engenharias e a matemática